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Assistimos – O Eternauta

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O Eternauta

Série da Netflix adapta uma obra-prima dos quadrinhos argentinos

A série O Eternauta, dirigida por Bruno Stagnaro e protagonizada pelo ator Ricardo Darín, é uma adaptação da obra de mesmo nome do roteirista Héctor Germán Oesterheld, com arte de Francisco Solano López.

A obra original saiu em capítulos semanais na revista Hora Cero Semanal, entre 1957 e 1959. Já adianto: a série vale a pena, mas não espere uma transcrição exata da HQ para o formato televisivo. É uma adaptação — e, na minha opinião, está tudo bem com isso.

Então, confira o trailer

Enredo

Em uma noite aparentemente comum, uma nevasca se inicia sem muito alarde — e, com ela, eventos misteriosos começam a acontecer. Inicialmente, telefones e outros dispositivos com pulsos eletromagnéticos param de funcionar. Toda forma de comunicação por telefone entra em colapso, assim como os carros mais modernos. A própria energia elétrica falha, mergulhando Buenos Aires em um evento, até então, inexplicável.

No centro dessa trama está Juan Salvo e seus amigos, que, naquela noite, estavam reunidos em uma típica bebedeira acompanhada de uma partida de pôquer.

Porém, quando o grupo percebe que um vizinho simplesmente cai ao sair para a rua, a preocupação começa a tomar conta. Eles passam a temer pelos familiares que estão fora de casa, ocupados com afazeres cotidianos. Essa tensão crescente começa a colocar à prova não apenas a sanidade de cada um, mas também os laços de amizade que os unem.

Com uma narrativa intrigante e cheia de humanidade — não apenas em seu lado positivo —, a trama mostra como situações de desastre podem tanto unir quanto dividir as pessoas, gerando ainda mais conflitos. Em O Eternauta, cada personagem carrega suas próprias questões mal resolvidas, o que os torna profundos e complexos. Diferente da tendência atual, a maioria dos personagens já são adultos, deixando claro que a obra não foi concebida como uma HQ voltada ao público adolescente.

Um Tom Político e de Crítica ao Fundo

Mais do que uma história de ficção científica e sobrevivência, O Eternauta carrega um forte subtexto político. A série — assim como os quadrinhos originais — apresenta uma crítica contundente às estruturas de poder, ao colonialismo moderno e à passividade das massas diante de opressões invisíveis.

A nevasca mortal que cai sobre Buenos Aires funciona como metáfora para os regimes totalitários e intervenções externas que moldaram a história da América Latina.

A ocupação silenciosa, os inimigos que manipulam à distância e os civis transformados em soldados fazem eco direto aos contextos de repressão vividos na Argentina, especialmente durante a ditadura militar.

Héctor Germán Oesterheld, autor da obra original, pagaria caro por esse posicionamento — foi sequestrado e desaparecido pela ditadura argentina, assim como suas quatro filhas. Por isso, adaptar O Eternauta é também um ato político e de memória.

A série da Netflix respeita esse espírito crítico, ainda que atualize alguns elementos narrativos, deixando claro que o cerne da obra continua tão relevante quanto em 1957. Além disso, embalada por uma trilha sonora marcante, a produção incorpora músicas icônicas da cultura argentina, como “Todo Cambia”, na voz poderosa de Mercedes Sosa, ampliando o peso emocional de muitas cenas.

Só nos resta torcer por uma segunda temporada à altura — e por um desfecho que honre a grandiosidade dessa obra-prima dos quadrinhos argentinos.

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