Afinal, o que é arte?

Essa é sem dúvidas uma questão muito debatida, e não poderia ser diferente, já que se trata de um assunto tão polêmico e que divide opiniões.

Muitas pessoas definem a arte como; O meio no qual o homem expressa os seus sentimentos. Ou até mesmo como; A forma do homem representar a realidade sob a sua própria perspectiva e percepção. A arte muitas vezes também é definida como; Algo feito por artistas, a partir de um senso estético e crítico, com o objetivo de despertar e estimular o interesse da consciência do público. Eu particularmente acredito que a arte é tudo isso ao mesmo, só que ela também vai além, ela é muito mais que isso…

Na minha mente não existe uma frase de poucas palavras que vai conseguir descrever o que é arte, e a minha premissa com esse texto também não é essa. O meu objetivo é demonstrar para as pessoas que acreditam que os jogos eletrônicos são algo fútil, algo raso, sem  profundidade, coisa de criança, besteiras nas qual os idiotas perdem o seu tempo, que na verdade os jogos são arte. E qualquer pessoa apaixonada por livros, música, pinturas, esculturas, cinema e teatro provavelmente nunca teve que o ouvir o famoso “isso é coisa de criança”, mas para os apaixonados por videogames essa é uma frase comum de se ouvir.

Diversão em primeiro lugar…

Veja bem, eu não estou querendo dizer que todo mundo que passa horas e horas na frente do videogame é culto, não estou querendo afirmar isso. Afinal os games são antes de qualquer outra coisa, feitos para divertir. Os jogos são uma forma de entretenimento, mas isso não muda o fato de que eles são sim uma forma de arte. E se uma pessoa é apaixonada e entende muito sobre os games, ela não é simplesmente um vagabundo que não cresceu, ela só esta consumindo uma forma de arte.

É claro que algumas pessoas ficam alienadas, e se fecham dentro do seu “mundinho”, e isso sim é prejudicial. Mas infelizmente isso não é algo exclusivo dos videogames, uma pessoa pode se alienar a qualquer coisa e se alienar em algo nunca é bom.

Mas vamos ao que interessa você provavelmente deve considerar a música uma forma de arte, certo?
E que tal a pintura, é arte?

A escrita, também pode ser considerada arte?

Afinal, um jogo não engloba todos esses elementos, com o acréscimo de outros não citados?

Qual é a diferença de uma bela canção de Beethoven:

[youtube https://www.youtube.com/watch?v=5-MT5zeY6CU]

Para uma música clássica da franquia The Legend Of Zelda?

[youtube https://www.youtube.com/watch?v=cAVn71rNImI]

 

Qual a diferença entre uma pintura famosa:

E um concept art de The Legend Of Zelda Breath of The Wild?

Qual é a diferença no desenvolvimento de personagens e trama escritas por George R.R Martin em As Cônicas de Gelo e Fogo, com o desenvolvimento escrito para Arthur Morgan (Red Dead Redemption 2) ou para Naked Snake (Metal Gear Solid 3: Snake Eater)?

 

Viva, não assista…

Criar é algo difícil, e o cinema envolve diversos elementos. Um jogo de videogame contempla mais elementos que o próprio cinema. O primeiro é considerado a sétima arte, o segundo, coisa de criança, meio incongruente não?
Sem falar que nas maiorias das artes, você é passivo, você não tem ação sob nada. Nos videogames você está controlando os personagens ou elementos do game, o que permite uma conexão com personagens que nenhuma outra mídia possibilita. Uma coisa é você ver as aventuras de Aragorn pela Terra Média, a outra é você viver sob a pele de Aragorn em suas aventuras.

Ou seja, além de naturalmente possuir diversos elementos, que separados são considerados arte, os jogos ainda possuem o seu próprio charme e diferencial. Mas você ainda acha que são coisas fúteis?

Joel e Ellie em The Last of Us e Logan e X-23 em Logan

Quem não se emocionou jogando The Last of Us? A narrativa desse game é brilhante, e o seu enredo poderia facilmente ter ido diretamente para o cinema. Inclusive alguns filmes posteriores ao lançamento do game beberam muito de sua fonte. E isso não é uma crítica aos filmes, afinal, o que é bom deve ser realmente inspirador.

 

Aprimorando a arte

Em The Legend of Zelda Breath of The Wild, um dos jogos mais bem avaliados de todos os tempos, você não é apresentado a uma história complexa e profunda como a de The last of Us, mas você recebe no lugar disso um mundo maravilhoso, que possui uma beleza e um charme que encantam. A qualquer momento do jogo, se você ficar parado e olhar ao redor; a imagem que você vai visualizar daria facilmente um belo quadro e você se sensibiliza com a arte do jogo, misturada com a liberdade de interação.
Interação, aquilo que justamente falta para as outras mídias.

Também vale a pena citar o God of War, lançado exclusivamente para o PS4. Esse tem uma câmera continua e sem cortes, uma técnica muito difícil, usada no cinema, a chamamos de plano sequência. E se você não morrer nenhuma vez, verá um grande plano sequência por quase 25 horas seguidas…

Kratos e “Boy” em God Of War (“Bom de Guerra” rs)

E se você estiver pensando “Ah, mas isso só se aplica aos grandes jogos triplo A atuais…”
Saiba que Donkey Kong Country 2: Diddy’s Kong Quest, dos anos 90; já possuía uma trilha sonora maravilhosa que encantou gerações. As pessoas deixavam o jogo parado; e algumas até gravavam as músicas em fitas para ouvir as belas criações de David Wise a qualquer momento. Olha a falta que fazia o YouTube…

 

O simples que encanta…

E Celeste, um jogo Indie de baixo orçamento que se tornou um dos games mais marcantes que eu já tive o prazer de jogar; e foi indicado ao melhor de 2018 ao lado de gigantes da indústria. Então esse argumento de que jogos são coisas de criança, realmente não é válido, e sim, no passado já se fazia arte com os videogames.

E para finalizar eu vou falar um pouco sobre um dos principais elementos de um jogos: A interação.
Existem hoje muitos jogos que possuem diversos finais alternativos. No qual VOCÊ, dependendo das SUAS escolhas chegará a um desses finais. Muitas vezes essas escolhas fazem você refletir sobre um determinado assunto, outras vezes elas colocam os seus ideais em conflito. Algo que você julgaria certo ou errado pode ter o seu julgamento alterado dependendo do contexto; e nem tudo é preto ou branco, as coisas podem ser cinzas. E esse tipo de pensamento surge quando estamos tomando essas decisões naquele joguinho infantil que muitos julgam ser coisas de criança.

 

Todo jogo é uma arte?

Nem todo jogo é profundo e levantam essas questões filosóficas. Nem todo jogo é belo e te faz refletir, nem todo jogo agrega algo nas nossas vidas de forma impactante. Mas nem toda música é assim, nem toda pintura é assim, nem todo filme…
Então a arte vai além, como eu disse no começo do texto, ela não se limita nesses fatores. Então por mais simples que seja um jogo, ele tem um valor artístico.

Contudo, a arte evolui com o tempo e em cada época ela se mostra de uma maneira diferente. Ela evolui de acordo com o momento da sociedade. Ela se apresenta de acordo com o que a sociedade está vivendo no momento e o nosso momento é esse. É a evolução constante da tecnologia assim como dos games; que compilam os diversos tipos de arte em um único produto, em uma forma única de ARTE.

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